domingo, outubro 04, 2015

A oferta de ficção [citação]

>>> A RTP sempre foi mais uma estação de entretenimento ligeiro do que de ficção. Não temos uma tradição de ficção, como nos EUA. Isto explica-se por várias razões, mas a principal tem a ver com o facto de termos importado um modelo dos países sul-americanos, que é a novela, que teve um efeito de eucalipto e secou tudo à volta. O modelo da novela, que me parece perfeito para países de grande dimensão porque tem um efeito agregador extraordinário, num país com pequena escala traz uma conformidade narrativa. E pior ainda porque, em Portugal, estamos sempre a fazer novelas sentimentais. Nunca houve uma novela de temática política. Compete à RTP qualificar a oferta de ficção. E qualificar é abrir o caminho para a diversidade, é subir o patamar da qualidade, valorizar mais os autores e dar menos foco aos apresentadores. Em Portugal pagamos muito mais aos apresentadores do que aos autores.

NUNO ARTUR SILVA
> entrevista a Raquel Carrilho
Jornal i, 3 Out. 2015